sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Honeste vivere, neminem laedere et suum cuique tribuere!!!

Nota de esclarecimento: atuação da Polícia Federal no Brasil

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal vem a público esclarecer que, após ser preso, qualquer criminoso tem como primeira providência tentar desqualificar o trabalho policial. Quando ele não pode fazê-lo pessoalmente, seus amigos ou padrinhos assumem a tarefa em seu lugar.
A entidade lamenta que no Brasil, a corrupção tenha atingido níveis inimagináveis; altos executivos do governo, quando não são presos por ordem judicial, são demitidos por envolvimento em falcatruas.
Milhões de reais – dinheiro pertencente ao povo- são desviados diariamente por aproveitadores travestidos de autoridades. E quando esses indivíduos são presos, por ordem judicial, os padrinhos vêm a publico e se dizem “ estarrecidos com a violência da operação da Polícia Federal”. Isto é apenas o início de uma estratégia usada por essas pessoas com o objetivo de desqualificar a correta atuação da polícia. Quando se prende um político ou alguém por ele protegido, é como mexer num vespeiro.
A providência logo adotada visa desviar o foco das investigações e investir contra o trabalho policial. 
Em tempos recentes, esse método deu tão certo que todo um trabalho investigatório foi anulado. 
Agora, a tática volta ao cenário.
Há de chegar o dia em que a história será contada em seus precisos tempos.
De repente, o uso de algemas em criminosos passa a ser um delito muito maior que o desvio de milhões de reais dos cofres públicos.
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal colocará todo o seu empenho para esclarecer o povo brasileiro o que realmente se pretende com tais acusações ao trabalho policial e o que está por trás de toda essa tentativa de desqualificação da atuação da Polícia Federal.
A decisão sobre se um preso deve ser conduzido algemado ou não é tomada pelo policial que o prende e não por quem desfruta do conforto e das mordomias dos gabinetes climatizados de Brasília.
É uma pena que aqueles que se dizem “estarrecidos” com a “violência pelo uso de algemas” não tenham o mesmo sentimento diante dos escândalos que acontecem diariamente no país, que fazem evaporar bilhões de reais dos cofres da nação, deixando milhares de pessoas na miséria, inclusive condenando-as a morte.
No Ministério dos Transportes, toda a cúpula foi afastada. Logo em seguida, estourou o escândalo na Conab e no próprio Ministério da Agricultura. Em decorrência das investigações no Ministério do Turismo, a Justiça Federal determinou a prisão de 38 pessoas de uma só tacada.
Mas a preocupação oficial é com o uso de algemas. Em todos os países do mundo, a doutrina policial ensina que todo preso deve ser conduzido algemado, porque a algema é um instrumento de proteção ao preso e ao policial que o prende.
Quanto às provas da culpabilidade dos envolvidos, cabe esclarecer que serão apresentadas no momento oportuno ao Juiz encarregado do feito, e somente a ele e a mais ninguém. Não cabe à Polícia exibir provas pela imprensa.
A ADPF aproveita para reproduzir o que disse o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos: “a Polícia Federal é republicana e não pertence ao governo nem a partidos políticos”.
Brasília, 12 de agosto de 2011
Bolivar Steinmetz
Vice-presidente, no exercício da presidência
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Interessante como as coisas são hoje em dia!

Lendo essa nota de esclarecimento (que copiei do blog do Marcelo Cunha), de todo desnecessária, já que o notório não precisaria ser “esclarecido” e nem explicado, tem-se a exata noção de como certos valores encontram-se invertidos em nossa sociedade. 

A honestidade, a moralidade, a ética parecem se tornar exceções e por isso, quando surgem no cenário nacional aqueles que as defendem, o que não deveria ser surpresa para ninguém, já que não é de hoje que se alardeia o famoso adágio latino honeste vivere, neminem laedere et suum cuique tribuere, estes se tornam alvo de espanto, sendo criticados por apenas defenderem aquilo que a todos interessa (ou deveria interessar).

Não faz muito tempo, o mesmo ocorreu com o juiz federal Fausto De Sanctis, hoje desembargador da Justiça Federal, que depois de algumas decisões importantes em casos envolvendo pessoas influentes, passou a ser obrigado a dar explicações a respeito, quando na verdade fazia o óbvio: aplicava a lei independente de classe ou prestígio a quem quer que fosse. 

E o resultado disso foram críticas à sua atuação, transformando-se o acusado em vítima de “perseguição fascista” de um Poder Judiciário que extrapola suas funções (como se a figura da Justiça tivesse mesmo que ser uma estátua, inerte, de olhos sempre vendados para as iniqüidades que assolam o país) enquanto que o julgador foi transformado em mero algoz, implacável e desprovido de imparcialidade.

Mais uma vez, o que ocorria, era a inversão dos papéis dos envolvidos, tudo na tentativa de simplesmente se desqualificar um trabalho que tem como única finalidade manter os valores democráticos em um país que ainda “engatinha” nesse sentido.
Pensando assim, talvez seja mesmo essa a razão em torno de tudo isso. 

Somos ainda neófitos em termos de democracia e recém saídos de toda uma era de desmandos e ditatorialismos (bem, na verdade já se passaram quase três décadas desde então, mas...).

O ranço gerado por décadas de restrição às liberdades civis ainda não foi de todo evanescido e temores do tipo ainda rondam muitos setores da sociedade.

Por isso muito ainda se confunde liberdade, com libertinagem; punição lícita com perseguição política; garantias constitucionais com blindagem classista, corporativista, elitista...

De qualquer forma, caminhamos, ainda que lentamente, no sentido de deixarmos para trás, a nossa triste cultura da impunidade e da corrupção desvairada;  que aos poucos vai ficando cada vez mais no passado (negro) da nossa história.

Mudanças, como as que têm ocorrido, geram mesmo certos abalos.

Sinais, portanto, dos novos tempos!

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